A missão abraçada pelos leigos tem transformado muitas realidades. Mudanças que se percebem no jeito de catequizar, de fazer ecoar a Palavra de Deus na vida das pessoas, das portas que vão se abrindo para que leigos e leigas batizadas atuem na sua comunidade, na sua casa junto à família.
Ser anunciador de Jesus nem sempre é tarefa fácil, pois precisa tornar realidade sua adesão à causa dele, e isto requer aceitar sua cruz, viver com profundidade a fé e suas consequências. Aceitar a cruz é compreendê-la como salvação, renovação da vida e assim, anunciar o Evangelho com alegria, ajudando todas as pessoas a experimentar a vida do Cristo.
Aprendemos que a fé não caminha em linha reta. Ela participa no desenvolvimento da pessoa. E cada fase da vida está exposta a desafios específicos e deve lidar com dinâmicas sempre novas da vocação cristã.
Nesse sentido, a catequese deve oferecer caminhos diferenciados para as diferentes realidades e de acordo com as diferentes exigências, idades das pessoas e estados de vida. Torna-se importante, ao desenvolver a pedagogia, no processo catequético, atribuir a cada etapa a sua devida importância e especificidade.
Caminhando com o Espírito Santo, é ele quem inspira em nós ações, nos alertando para os compromissos da vida cristã: sermos testemunhas de Jesus Cristo no mundo, formar novas comunidades e anunciar o Reino de Deus. O Espírito Santo nos ajuda a viver em plenitude a beleza da vida doada no serviço do amor.
Diante da realidade atual é fundamental para nós, cristãos, unirmos forças para redescobrir a potencialidade do Evangelho e do cristianismo. Precisamos propor o Evangelho como força de vida, a interioridade como caminho para Deus, além da indispensável via do amor que liberta e promove vidas.
Percebe-se aqui a necessidade de assumir, de verdade, o anúncio querigmático, ou seja, o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo. No horizonte do cristianismo, o querigma se identifica com o Evangelho, Boa Notícia, mensagem de salvação. Pode-se dizer que Cristo não veio trazer uma norma ética de vida ou uma grande ideia, mas veio trazer para nós uma mensagem de salvação: proclamar o Reino de Deus.
Jesus começou esse anúncio do Reino dizendo: “Arrependei-vos porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4,17). Também dizia: “O Evangelho deve ser proclamado a todas as nações” (Mc 13,10). O anúncio da Boa Nova, o Evangelho, tornou-se o conteúdo necessário e essencial da missão evangelizadora confiada por Jesus a seus discípulos: ‘“Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura’ […] e os discípulos foram anunciar por toda parte. O Senhor cooperava, confirmando a palavra pelos sinais que a acompanhavam” (Mc 15,15.20).
A presença da Igreja no trabalho missionário inclui o fazer-se caminho para a dignidade da pessoa e promoção humana. A Igreja tem, ainda, como parte da missão a defesa da justiça, da integridade, da criação. Onde o povo estiver, a Igreja tem que se fazer presente. Sua presença ajuda o povo a amadurecer, crescer e assumir seu protagonismo para que possa formar comunidades fiéis ao evangelho.
Durante um longo período na história, a Igreja investia suas maiores e melhores forças na preparação de crianças e sempre em vista da recepção dos sacramentos, seja da Eucaristia, seja da Crisma, e, isso, com um cunho meramente doutrinal. Hoje, impõe-se um novo modo de fazer catequese, que leve em conta a colaboração e a participação efetiva dos pais. É urgente uma catequese que envolva toda a família.
Todas as pessoas, já iniciados pelos sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Crisma, Eucaristia) são chamados a escolherem atitudes que se identificam como seguidores de Cristo e participantes da sua Igreja. Segundo São João Paulo II, o cristão não tem vida paralela, por isso precisa reunir, de um lado, família, trabalho, estudo, politica e cultura, e do outro lado, valores da vida espiritual.
O Diretório para a catequese nos orienta para uma catequese familiar e que possa atingir primeiramente os pais, uma catequese adulta, familiar. É um longo caminho para as catequistas que tem a tarefa urgente, a ser desenvolvida com carinho e dedicação, que é a formação para o fazer catequético da Igreja. A catequese familiar precede, acompanha e enriquece todas as outras formas de catequese (DGC, n. 226; CT, n. 68). Com a catequese familiar, a família vai se tornando um itinerário de fé da vida cristã para seus filhos e para a comunidade na qual pertence.
Nesse sentido, para a Igreja Católica, o anúncio querigmático tornou-se um desafio, o que requer anunciadores e evangelizadores convertidos e bem-preparados. Destaca-se aqui no anúncio querigmático, a conversão e a dinâmica do mistério da Páscoa e da esperança pascal, porque seguir Jesus significa viver em vida pascal. Portanto, situa-se aqui a necessidade de uma liturgia também renovada por ser ela lugar privilegiado da comunhão da Palavra, da comunhão eclesial, da comunhão eucarística e do envio missionário. A liturgia precisa chegar ao coração e à emoção, ao gesto e ao corpo, à Palavra e ao “Verbo” para cumprir sua finalidade de ajudar todos a fazer a experiência de Deus.
O Diretório para a catequese nos fala da família como uma comunidade de amor e vida e nos seus números 224 a 235 nos oferece orientações para a catequese e família ressaltando a importância de uma catequese que deve acontecer, na família, com a família e da família. A Igreja, em seus cuidados maternos, acompanha seus filhos e filhas ao longo de sua existência, desejando construir com eles um itinerário de fé permanente e manter sempre viva a vida da comunidade Igreja. Essa tarefa é dos e das catequistas que devem prestar atenção às famílias, envolvendo-as, cada vez mais, no compromisso catequético e na construção comunitária.
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.