Com a celebração da Ressurreição do Senhor, na Vigília do Sábado Santo, entramos no Tempo Pascal. Um tempo marcado pela alegria da vida nova que recebemos de Cristo. Esse período vai desde o Domingo da Ressurreição (a começar do Domingo da própria Páscoa) até o Domingo de Pentecostes.
Tempo Pascal – Um pouco de História
O mais antigo tempo pascal, na história da salvação, era a festa da colheita. Com os acontecimentos do Êxodo, tornou-se festa memorial do evento salvífico da aliança no Sinai. No tempo de Jesus, a festa dos 50 dias após a Páscoa, embora ainda celebrada como festa da colheita, já havia em alguns círculos religiosos um sentido de comemoração da teofania (manifestação de Deus) do Sinai.
Estamos caminhando para a festa cristã de Pentecostes que foi marcada pela efusão do Espírito Santo e pela vocação da nova comunidade do Crucificado-Ressuscitado.
Para a comunidade cristã, os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes são celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa. É nesses dias que se canta “Aleluia”. Os domingos são considerados domingos da Páscoa. No quadragésimo dia depois da Páscoa celebra-se a ascensão do Senhor. Nos lugares em que esse dia não é considerado dia santo, a celebração de p
Pentecostes é transferida para o 7º domingo da Páscoa. O domingo de Pentecostes encerra esse Tempo sagrado de cinquenta dias.
Os dias da semana depois da Ascensão, até o sábado antes de Pentecostes inclusive, constituem uma preparação para a vinda do Espírito Santo.
Celebrar a Páscoa significa celebrar o rito eucarístico. Lembremos que Jesus, ao celebrar a ceia, ordenou a seus discípulos celebrar em sua memória. Nesse dia ele nos deu o seu sacrifício pascal. Jesus quis que a última ceia significasse o estabelecimento de uma Aliança nova, sinalizada pelo pão e pelo vinho partilhados. Assim, a Igreja como sacramento de Cristo, dando continuidade à caminhada do Ressuscitado, repete a ceia para perpetuar a Páscoa.
No primeiro dia da semana, o dia do Senhor ou domingo, a Igreja, por uma tradição apostólica que tem origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, celebra o mistério pascal. Por isso o domingo é sempre dia de festa.
O banquete Pascal oferecido por Cristo está continuamente presente na Igreja. O sacerdote, representante de Cristo no momento que realiza aquilo que o próprio Senhor fez, o faz em sua memória, cumprindo a ordem dada. Cristo tomou o pão e o cálice, deu graças, partiu o pão e o deu a seus discípulos dizendo: “Tomai, comei, bebei; este é o meu corpo; este é o cálice do meu sangue. Fazei isto em minha memória”. Assim, a Igreja dispôs toda a celebração da liturgia eucarística em vários momentos, que correspondem a essas palavras e gestos de Cristo.
O rito pascal, tanto no Antigo como no Novo Testamento, está intimamente ligado à Páscoa histórica, da qual é memorial eficaz. Assim, olhando para a nossa história da salvação, podemos considerar quatro páscoas:
A Páscoa do Senhor, isto é, a passagem salvífica do Senhor na noite da saída do Egito; O sangue do cordeiro nos umbrais das portas sinaliza para o Senhor que ali se celebra com a refeição do cordeiro pascal.
A Páscoa dos Judeus que é a celebração do “memorial” realizada conforme o rito da ceia pascal que encontramos na passagem de Ex12, 14; 13, 8-9. “Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua”.
A Páscoa de Cristo – a sua imolação sobre a cruz, a sua passagem deste mundo para o Pai, através da paixão e da ressurreição: “Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13,1)”.
A Páscoa da Igreja celebrada sacramentalmente, “in mystério”, anualmente, mas também semanal e cotidianamente no rito eucarístico.
Jesus, celebrando a festa da Páscoa, fazendo a memória da passagem da escravidão para a liberdade, dá a ela uma dimensão pascal, marcando sua passagem para o mundo do Pai. Assim, o rito realizado por Cristo (pão-vinho = corpo de Cristo e sangue da verdadeira aliança em relação à aliança do Sinai) é memorial, a presença da verdadeira Páscoa que se realiza na “passagem redentora de Cristo” e é anuncio da redenção que se realizará quando todos os homens tiverem celebrado a Páscoa de Cristo.
Neuza Silveira de Souza
Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.